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No Quilombo do Caroá, situado no município de Carnaíba, no Sertão de Pernambuco, as casas de farinha são responsáveis pela geração de renda para muitos de seus habitantes. No entanto, apesar de sua importância econômica, há uma falta de conhecimento em relação aos impactos ambientais dos resíduos gerados por essas farinheiras, que podem ocasionar problemas como a poluição da água, do solo e do ar.
Diante dessa situação, um grupo de alunos da Escola Técnica Estadual (ETE) Paulo Freire desenvolveu um filtro absorvente à base de cascas de pinha, capaz de reduzir a carga poluente da manipueira — o líquido gerado no processo de produção da farinha de mandioca, que contém substâncias tóxicas como o ácido cianídrico.
“A comunidade acredita que esse rejeito não causa problemas. No entanto, as meninas, moradoras do Quilombo do Caroá, identificaram essa questão e, a partir disso, os alunos propam o desenvolvimento de um filtro para reduzir a toxicidade da manipueira antes de seu descarte ou reutilização”, explicou o professor Gustavo Bezerra à coluna Enem e Educação
O protótipo foi produzido por meio de uma impressora 3D, na qual uma peneira foi instalada na saída do filtro para fixar o papel filtrante e o tecido de algodão. As cascas da pinha, que aram por um processo específico até se tornarem farinha, são adicionadas a esse filtro, juntamente com o algodão e o carvão. Segundo o professor, os custos envolvidos no “FiltroPinha”, como é chamado o projeto, têm um valor inicial de R$ 5.
“Esse projeto fez parte da disciplina Produções Sustentáveis, onde toda a turma começou a identificar problemáticas relacionadas às casas de farinha. Várias soluções foram propostas, como a produção de madeira a partir das cascas e o uso de biodigestores com a manipueira, entre outras”, afirmou o docente
Conscientização nas comunidades
O projeto FiltroPinha foi desenvolvido pelos estudantes Ângela Rafaela Lima Santos, Beatriz Vitória da Silva, Eduardo da Silva Oliveira e Luana Noêmia da Silva, sob a orientação do professor Gustavo Bezerra e a coorientação da professora Carla Robecia Nascimento.
Ao apresentarem o filtro aos moradores do Quilombo do Caroá, os alunos relataram que muitos nunca tiveram o às informações sobre os riscos associados ao líquido gerado no processo de transformação da mandioca em farinha
“Desenvolver esse projeto foi muito importante, especialmente porque metade da nossa equipe mora no Quilombo do Caroá. Quando começamos a trabalhar no filtro e percebemos que ele poderia trazer bons resultados, ficamos muito felizes e motivados a ajudar. É triste ver a comunidade enfrentando problemas devido à falta de visibilidade e e. O trabalho dessas pessoas já é desvalorizado, e ainda enfrentam todos esses perigos”, afirmou a estudante Luana Noêmia.
Ela contou que a equipe ficou muito feliz também com a classificação do trabalho para a final do Solve For Tomorrow Brasil 2024. O FiltroPinha foi selecionado como um dos 10 projetos finalistas da 11ª edição do Solve For Tomorrow Brasil, destacando-se como o único representante de Pernambuco. Sob a coordenação geral do Cenpec, o programa global de cidadania corporativa da Samsung é reconhecido por incentivar alunos e professores de escolas públicas a desenvolverem soluções inovadoras.
Utilizando a abordagem STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), o programa aborda demandas reais da sociedade em que os participantes estão inseridos.