Blog de Jamildo
Fontes da política local contam que o ministro do Turismo, Gilson Machado, possível nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o Senado em Pernambuco, estaria tentando montar uma aliança com o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que planeja se lançar candidato pelo União Brasil (resultado da fusão entre o DEM e o PSL). A aliança também interessaria aos Coelho, mas esbarra mais uma vez no deputado federal Luciano Bivar, presidente nacional do União Brasil e desafeto de Machado.
“Gilson Machado não quer (o prefeito de Jaboatão dos Guararapes) Anderson Ferreira, ele gostaria de ter Miguel Coelho e estão conversando. Gilson quer ser o senador de Miguel. E o prefeito de Petrolina precisa deste apoio, pois está patinando e vai precisar de e (no caso, a máquina federal). Não tem ninguém para andar com ele, para ir com ele no Senado”, afirma uma fonte do Blog de Jamildo.
“O problema é que Bivar se pudesse, matava Gilson Machado, a quem culpa pela divulgação de um dossiê falando em assassinato na Veja”. Dizem que quem bate esquece, mas quem apanha jamais. Pode ser o caso. “Por isto, acreditar que Bivar vai aceitar a união de Miguel com Gilson Machado é inocência. Em caso de um racha público, seria melhor para Bivar peitar logo e levar para o PSB ou apoiar (o deputado federal) Danilo Cabral de forma indireta (como aconteceu no Recife, com João Campos)”.
Apesar de não tolerar Anderson Ferreira, situação reciproca aliás, Gilson Machado pode ser obrigado a ir para lá simplesmente porque é o partido do presidente Bolsonaro. “Os bolsonaristas todos estão indo para o PL, mas Gilson e Miguel poderiam estar juntos no PTB, caso não haja legenda pelo União Brasil”.
De acordo com essas avaliações de interlocutores do Blog de Jamildo, caso Miguel Coelho obtenha a legenda do União Brasil, ele terá um tempo de TV maior do que os prefeitos de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), e de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL). O que é bom para qualquer candidato.
No entanto, haveria limitações, por essas avaliações mais críticas. “O pai dele tem um desgaste gigante e foi líder de Bolsonaro (no Senado). Depois, Miguel e Anderson tem um teto. Eles dois brigam por 15% do eleitorado (conservador ou bolsonarista)”, avalia um torcedor de Raquel Lyra.
Queda de braço
Nos bastidores da cena política local, fontes bem informadas explicam que há um suposto mal estar entre Luciano Bivar e a família Coelho. A possibilidade de o deputado aceitar ou não dar a legenda para o prefeito Miguel Coelho sair candidato ao Governo de Pernambuco, nestas eleições, tem como pano de fundo a divisão de bases eleitorais.
“O motivo da briga é simples. Luciano Bivar combinou com Miguel Coelho que teria cerca de 30 mil votos, para federal, nas cidades A, B e C. Eles aceitaram e agora vem à cobrança. Eles não deram nada a ele, que quer resolver a vida”, afirma uma fonte do Blog de Jamildo.
“O problema é que Bivar não pode dizer que é presidente de partido e não tem votos (suficientes para se reeleger). Já o desespero dos Coelhos é achar que Bivar ia ser calda deles. Na prática, Bivar, (o deputado federal) Fernando Coelho e (o ex-deputado federal) Mendonça Filho disputam uma vaga só”, conta uma fonte. “Já Fernando Coelho não cedeu bases para Bivar porque tem medo de fazer isto e perder para Mendonça. De Bivar, ele não perde”, explica o especialista em contas.
Para cada 180 mil votos, é eleito um deputado federal. Com 300 mil, são eleitos dois parlamentares. Mas se o quociente não for atingido, os votos são perdidos. Questionado, Miguel Coelho negou o atrito de forma peremptória. “Isto seria uma falta de respeito com o presidente do partido (afirmar não ter votos para a reeleição)”, respondeu o pré-candidato, na semana ada, em conversa com o Blog de Jamildo.
Caso a candidatura própria do União Brasil não deslanche, neste caso, Bivar teria uma boa desculpa para rifar Miguel e rumar com a aliança da Frente Popular, mesmo que de forma velada. Há uma semana, um episódio público na página do partido acabou gerando polêmica. Depois de se reunir com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); e o presidente estadual do MDB, Raul Henry, outro com problemas para se reeleger; Bivar teve um encontro com Miguel Coelho, em Brasília, no mesmo dia. Fotos foram feitas para registrar o momento.
“Não publica a foto, vamos conversar”, teria orientado Bivar. Para mostrar que não estava sendo deixado em segundo plano, Miguel Coelho conseguiu divulgar a imagem. “Mendonça Filho (dirigente do partido) e Miguel tinham a senha (da conta do União Brasil), mas depois disto (Bivar) mandou tirar a senha deles”. A foto foi apagada.
Dizem que gato escaldado tem medo de água fria. Bivar já ou perrengue no ado com Kaio Maniçoba, uma liderança do interior que dobrou com ele. Ocorre que o sertanejo arrumou mais votos e Bivar acabou sendo usado como calda dele e não o contrário, como imaginava o líder do partido.
Bivar também brigou com Bolsonaro lá atrás e quer distância do ex-presidente. Pode ser outro motivo para azedar a relação. “O sucesso dele é federal. O pai dele foi líder de Bolsonaro. Será possível convencer que não é apoiador de Bolsonaro? Ele não concordava com o pai?”, questiona outra fonte.
De acordo com informações de bastidores, haveria até uma divisão na família quanto aos destinos da campanha. “O irmão Fernando Filho quer que ele desista, acha que é um erro e que deveria o pai ir para federal”, apurou o Blog.