G1
Uma expedição que está percorrendo o Brasil para pesquisar a presença de microplásticos em 300 praias do país chegou a Pernambuco neste final de semana. Os pesquisadores vão ar por 15 praias no estado, coletando resíduos plásticos que têm entre 1 e 5 milímetros.
Esse material é enviado para a Universidade de São Paulo (USP) e para a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). As instituições vão analisar a origem e a composição dos resíduos que chegam à costa brasileira.
Segundo Mara Oliveira, da ONG Sea Shepherd, que atua como capitã da expedição, esse microplástico já faz parte da cadeia alimentar de diversos animais marinhos, como peixes, baleias e tartarugas.
“Ao se alimentar desses animais, o ser humano consome e está sujeito a doenças a partir desses elementos”, diz a pesquisadora.
A expedição saiu do Chuí, no Rio Grande do Sul, em abril de 2022, e já ou por 190 praias. Ela vai terminar no Oiapoque, no Amapá.
“A gente não está aqui para demonizar o plástico. É um material que a sociedade atual depende muito dele. O problema que a gente está encontrando é como esse plástico está sendo descartado. E como ele está sendo banalizado”, afirmou Oliveira.
Além do efeito nos animais, ela lembra que esse material também tem ficado depositado na restinga de Mata Atlântica, principalmente no Nordeste.
Até agora, a equipe já encontrou microplásticos em todo tipo de praia; desde as áreas urbanas, até pontos mais isolados, como locais de desovas de tartarugas dentro de parques do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“A gente tem que ir a uma gama grande de praias para ver que o plástico está em todas elas. Por exemplo, a gente esteve agora na foz do Rio São Francisco, entre Alagoas e Sergipe, nas belas ilhas de areia que existem lá. E a gente encontrou microplástico nesses locais”, contou Oliveira.
A agem do time de seis pessoas por Pernambuco vai até o dia 25 de fevereiro. No dia 19, eles estarão fazendo a pesquisa na Praia de Boa Viagem, no Recife.
Dois dias antes, no dia 17, irão a Porto de Galinhas, na cidade de Ipojuca. No balneário, o foco será não na pesquisa, mas em um mutirão de limpeza para conscientizar as pessoas.
“O mutirão é simbólico. A gente não vai resolver o problema do lixo, mas faz educação ambiental. Nós encontramos muitas pessoas que dizem ‘ah, o governo, a prefeitura não veio aqui pegar o lixo’. Sendo que esse lixo saiu da própria casa das pessoas”, lembra a pesquisadora.