O presidente Jair Bolsonaro vai manter sua visita ao líder da Rússia, Vladimir Putin, na quarta-feira (16), mesmo com o alerta da Casa Branca sobre potencial invasão de tropas russas à Ucrânia até 20 de fevereiro. A suspensão somente se dará se o ataque efetivamente começar nos próximos dias. Sua chegada em Moscou está prevista para a noite de terça-feira (15).
No governo, a avaliação é de que o Kremlin não iniciará o ataque enquanto um chefe de Estado estrangeiro estiver presente em seu território. Além de Bolsonaro, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, visitará Putin na terça-feira.
O anúncio da Casa Branca foi avaliado pelo Itamaraty e outras áreas do governo. O próprio ministro das Relações Exteriores considerou segura a visita de Bolsonaro na semana que vem. O presidente seguirá de Moscou a Budapeste para encontrar-se com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, na quinta-feira (17). Deve retornar a Brasília somente na noite de sexta-feira (18).
Bolsonaro foi orientado pelo Itamaraty e outras áreas do governo a não tocar na questão da Ucrânia em sua conversa com Putin –a menos que o presidente russo tome a iniciativa. Sua delegação será enxuta, a pedido do Kremlin, por causa da pandemia de Covid-19. Todos, inclusive Bolsonaro, terão de apresentar resultado negativo de teste feito antes do embarque e realizar outros 2 em Moscou.
O encontro Bolsonaro-Putin foi acertado em 30 de novembro de 2021, quando França visitou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em Moscou. Em nenhum momento o Itamaraty considerou a suspensão da viagem em função das tensões crescentes na fronteira da Ucrânia.
O foco da visita bilateral está na ampliação do comércio e investimentos de lado a lado. Apenas um acordo deve ser assinado, sobre cooperação em matéria penal. Um grupo de 7 empresários brasileiros deve também viajar para Moscou, onde está previsto encontro com 28 russos no dia 15.
A posição do Brasil sobre o conflito potencial foi expressa pelo embaixador nas Nações Unidas, Ronaldo Costa Filho, durante reunião do Conselho de Segurança. O país é a favor de solução pacífica negociada, da integridade territorial e do respeito ao Direito Internacional. Também se posiciona historicamente contra a imposição de sanções unilaterais –como a que os EUA ameaçaram impor contra a Rússia.