“Governo não usou R$ 30 milhões disponíveis para merenda em 2023”, diz presidente do Sintepe

Blog do Jamildo

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Ivete Caetano, criticou a falta de planejamento do governo estadual na gestão da merenda escolar e apontou a ausência de políticas públicas voltadas à prevenção da violência dentro e fora das escolas. A dirigente defendeu que a educação precisa de continuidade istrativa e de ações mais estruturantes para garantir qualidade e segurança no ambiente escolar.

Ivete destacou que a instabilidade na chefia da Secretaria de Educação compromete a execução de políticas públicas essenciais. Segundo ela, a merenda escolar tem sido uma das áreas mais prejudicadas pela descontinuidade istrativa.

“É um governo que mudou três vezes o secretário de educação. Isso compromete demais a qualidade da educação e a continuidade de uma política educacional. A educação é gigantesca e atende mais de meio milhão de estudantes. Se não há continuidade, há um eterno recomeçar”, afirmou.

A presidente do Sintepe lembrou ainda que, em 2023, o governo estadual não utilizou mais de R$ 30 milhões disponíveis em conta para a compra de merenda escolar.

“As escolas estão desestruturadas. Muitos estudantes têm denunciado a qualidade da merenda. Em 2023, o governo do estado não usou mais de R$ 30 milhões do recurso que existia para comprar merenda”, criticou.

Embora o governo afirme que neste ano cumpriu a exigência legal de destinar ao menos 30% dos recursos da merenda à agricultura familiar, Ivete ressaltou que esse cumprimento não ocorreu no ano ado.

Ivete Caetano também alertou para os efeitos da violência no cotidiano das escolas, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Segundo ela, os profissionais da educação enfrentam um ambiente de crescente insegurança e ausência de políticas de enfrentamento por parte do Estado.

“Algumas comunidades vivem situações muito difíceis. Os estudantes não respeitam o pai, não respeitam a mãe, que dirá o professor. A violência tem prejudicado o ensino e o governo do estado não tem sequer uma pesquisa sobre isso”, apontou.

A dirigente reforçou que a violência escolar não é apenas interna, mas também uma consequência de fatores sociais que cercam os alunos.

“O estudante entra na sala de aula com a fome que ou em casa, com o pai que está preso, com o assalto que sofreu na rua. Ele entra carregando a violência da sociedade. A escola muitas vezes salva. Mais de 80% dos casos de abuso sexual são identificados por profissionais da educação”, destacou.

Ela fez críticas diretas às redes sociais, classificando-as como “terra sem lei”, especialmente em relação ao o de crianças e adolescentes a conteúdos perigosos.

“Na internet, seu filho entra em contato com criminosos. Ele é manipulado por grupos que propõem desafios absurdos. A escola tem regulação, a rua tem regulação. As redes sociais, não”, alertou.

Ainda sobre o ambiente escolar, Ivete defendeu a lei que entrou em vigor no começo do ano sobre a restrição ao uso de celulares nas escolas como estratégia para melhorar o desempenho dos estudantes. Segundo ela, pesquisas já indicam que, com a retirada dos aparelhos, os alunos voltaram a frequentar mais as bibliotecas escolares.

“Já tem pesquisa mostrando que, ao tirar o celular da sala de aula, os jovens aram a ir mais para a biblioteca. Estão lendo mais”, afirmou.