Grande Recife determina que rodoviários mantenham frota mínima funcionando durante greve; categoria rejeita

Sindicato dos Rodovários realizou paralisação no Centro do Recife na quinta-feira (8) — Foto: TV Globo/Reprodução

O Grande Recife Consórcio de Transportes encaminhou ofício para o Sindicato dos Rodoviários informando sobre a necessidade de a categoria manter uma frota mínima de ônibus para atender a população enquanto durar a greve da categoria, decidida em assembleia feita pelos trabalhadores na última quarta-feira (07).

Segundo o documento, ao menos 70% da frota de ônibus deve circular nos horários de pico, das 5h às 9h e das 16h às 20h, caso a greve seja iniciada na próxima segunda-feira (12). Nos demais horários, os profissionais do setor precisam manter 50% dos ônibus em circulação. O presidente do sindicato, Aldo Lima, informou que a categoria não seguirá a recomendação.

Eles não mandam em nada. A greve vai estar mantida e eles não determinam percentual, quem determina percentual é a Justiça. Eu ignoro qualquer determinação de percentual de frota que venha do Grande Recife. Essa é a posição do sindicato”, disse Aldo Lima.

No documento, o Grande Recife diz que, apesar da garantia do direito de greve previsto no artigo 37 da Constituição Brasileira, os rodoviários precisam garantir a manutenção parcial do serviço, para atender “às necessidades inadiáveis da população”.

Aldo Lima disse que a recomendação não será cumprida porque a Constituição Federal prevê um percentual diferente de operação mínima durante movimentos grevistas. “Quem define isso é a Justiça. A gente sabe que tem a cartilha de greve que determina que o mínimo é 30%. O direito de greve é um direito constitucional”, argumentou.

No ofício ao sindicato dos trabalhadores, o Grande Recife listou o número de ônibus por empresa que devem circular na Região Metropolitana se os percentuais recomendados pelo consórcio forem seguidos.

Os rodoviários realizaram nesta quinta-feira (08) uma manifestação pelas ruas do Centro do Recife para reivindicar a migração dos funcionários da empresa Vera Cruz, que desistiu de operar em Pernambuco e entregou 36 linhas para serem operadas por outras concessionárias.

Durante o protesto, formaram-se filas de ônibus estacionados nos principais pontos do Centro, como a Ponte Duarte Coelho, Avenida Conde da Boa Vista, Rua da Aurora e Avenida Guararapes.

Sobre as reivindicações dos trabalhadores, o Sindicato das Empresas de Transportes de ageiros (Urbana-PE) emitiu uma nota no final da tarde dizendo que “se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo” de negociação com a categoria e “buscou um entendimento”.

No texto, a Urbana-PE diz que o movimento sindicalista dos rodoviários “tem contado com o envolvimento direto de grupos de não rodoviários com motivações políticas e até sindicalistas de outros estados, sem qualquer relação com a categoria local ou compromisso com os seus pleitos”.

O sindicato patronal também disse que as lideranças sindicais de promoverem 29 paralisações ilegais, “estendidas para coincidirem com o período eleitoral” e disse que se esforçará para minimizar os prejuízos de uma greve da categoria de trabalhadores para a população.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, rebateu as afirmações. Segundo ele, “a Urbana não determina também quem são as pessoas que irão ou não participar das negociações”.