Haddad é ironizado nas redes sociais após afirmar que não conhece a Shein

Ministro da Fazenda Fernando Haddad durante conferência de imprensa na Embaixada do Brasil, em Pequim

O Globo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi ironizado nas redes sociais após ter afirmado que não conhece a chinesa Shein. A declaração foi dada nesta quinta-feira, na China, onde acompanha viagem oficial do presidente Lula, ao ser questionado sobre o que muda para os clientes das plataformas de venda internacionais com o fim da isenção de impostos a encomendas importadas de valores até US$ 50.

— Não muda nada. Vocês falam da Shein como se eu conhecesse. Eu não conheço a Shein. O que eu sei é o seguinte: o único portal que eu conheço é o da Amazon, porque eu compro todo dia um livro, pelo menos, afirmou Haddad aos jornalistas que cobrem a viagem oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China.

A preferência do ministro pela aquisição de livros na Amazon virou meme nas redes sociais. Um usuário do Twitter publicou a foto do ator Alexander Skarsgard, que interpreta o vampiro Eric, na série True Blood, sentado nu em uma cadeira enquanto lê um livro. “O Haddad no fim do mês após comprar 1 livro por dia na Amazon e sem dinheiro pras roupinha taxadas da Shein”, diz a legenda.

Um outro usuário do Twitter fez um trocadilho para sugerir que a declaração do ministro foi desnecessária. “Se a fala do Haddad sobre a Shein fosse um dinossauro seria um Desnecessauro”, escreveu.

Haddad também foi associado ao elitismo com seu comentário. “Haddad olhando a pobraiada que compra na shein e shopee reclamando da taxação”, publicou uma usuária do Twitter.

E teve ainda uma comparação com o personagem Caco Antibes, do programa humorístico Sai de Baixo, que ficou popular pelo comportamento que esnobava os hábitos das pessoas mais simples.

Taxação de produtos da Shein e da Shopee

O governo Lula quer acabar com o fim da isenção de taxação para compras de até US$ 50 entre pessoas físicas. Em paralelo, vai apertar a fiscalização sobre as remessas que deveriam ser tributadas hoje e não são por brechas nessa fiscalização.

Haddad tem enfatizado que o esforço do governo será para combater o que considera sonegação de impostos de plataformas que vendem produtos importados no Brasil pela internet. Na lista de potencial impacto estão as asiáticas Shopee, Shein e AliExpress, entre outras.

De acordo com o ministro, “uma grande dessas” o procurou dizendo que queria regularizar a situação para não parecer diante da opinião pública e do próprio governo que estaria se valendo de um artifício tributário para ampliar o mercado. Ele não revelou o nome da empresa.

— Já fomos procurados por uma grande dessas dizendo: ‘quero me regularizar, não quero que pareça à opinião pública brasileira, ao governo brasileiro, que eu estou aqui me valendo de um artifício para ampliar minha participação de mercado’. Uma empresa séria não faz isso, disse.

O objetivo do governo é reduzir a concorrência que considera desleal em relação às varejistas brasileiras, que empregam e pagam impostos no país. Também busca aumentar a arrecadação como forma de viabilizar o novo arcabouço fiscal. O ministro chegou a estimar que a taxação de importados que ingressam no país como remessas entre pessoas físicas pode render R$ 8 bilhões por ano aos cofres públicos.