O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira que a inflação de alimentos ainda deve durar muito tempo por causa da guerra na Ucrânia. Deu a declaração em cerimônia de do decreto que institui o Certificado de Crédito de Reciclagem, o Recicla+.
“Acompanhamos os problemas a 10.000 quilômetros de distância. A Ucrânia é grande exportadora de trigo. E isso tem repique, repique na inflação do mundo todo. Pelo que se tem demonstrado, a inflação na questão alimentar terá que ser convivida por um longo tempo ainda”, disse.
No discurso, o presidente disse ainda que seu governo resiste aos empecilhos na área econômica. Afirmou que a inflação dos Estados Unidos, por exemplo, é maior que a do Brasil. Porém, o índice registrado em março mostra o contrário. O norte-americano foi de 8,5% e o brasileiro, de 11,3%.
“Nós resistimos. O Brasil é um país que, na economia, tem despontado como um daqueles que menos sofreu perante o mundo. Aqui não se tem notícia de escassez de alimentos. Em países outros, além de uma inflação muito maior do que a ocorrida no Brasil, como Estados Unidos, 8,5%, já existe desabastecimento de alguns produtos”, declarou.
Brasil sobe menos
A inflação do Brasil subiu menos que nos Estados Unidos e na Zona do Euro em um ano. Ao considerar o resultado no acumulado de 12 meses até março, a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) ou de 6,1% para 11,3% em um ano, ou 5,2 pontos percentuais a mais do que o mesmo período de 2021.
A taxa da Zona do Euro cresceu 6,2 p.p. no período, de 1,3% para 7,5%. Dos EUA, ou de 2,6% para 8,5% – alta de 5,9 p.p.
Os preços estão sendo pressionados pela guerra na Rússia e Ucrânia. O conflito impactou principalmente a inflação mundial do grupo de energia, que inclui combustíveis. A cotação do barril de petróleo subiu no mercado internacional depois do início dos ataques no Leste Europeu.
Entre os 15 integrantes do G20 que divulgaram a inflação até março, o Brasil ficou na 9ª posição no ranking de índices que mais subiram em pontos percentuais. Registrou 11,30%, o maior nível desde outubro de 2003, quando foi de 13,98%. Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá e Japão ainda não divulgaram as respectivas taxas de março.