Mais de 60 crianças aguardam vaga em UTIs infantis em Pernambuco

Leito de UTI infantil em Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que, até a quinta-feira (15), 68 crianças e três bebês permaneceram na fila de espera por uma vaga em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas e neonatais em Pernambuco.

Segundo dados da SES, neste ano, foram registrados quase 2 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em pacientes de até 10 anos, com 36 mortes confirmadas.

A designer de unhas Luanna Luzia, que aguarda há nove dias a transferência da filha Maria Clara, de 1 mês — internada com bronquiolite na UPA do Ibura —, denunciou que tem enfrentado um cenário de superlotação nos hospitais.

“A UPA é o pior lugar que tem, porque os médicos tentam fazer de tudo, só que é muito difícil. Aqui não tem todo tipo de remédio que se precisa para fazer uma intubação. Não tem todos os instrumentos que usam, o cano que bota, as provas que usam no nariz para respirar. […] Eu vi uma menina de 10 anos morrer e uma bebezinha de 10 meses, por conta dessa doença aqui na UPA”, relatou Luanna.

Segundo Luanna, após receber alta do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), onde ficou internada por 12 dias, a filha dela voltou a ter sintomas da doença, sendo levada à UPA do Ibura.

Luanna disse ainda que também ou por momentos difíceis quando a bebê estava no Imip, onde permaneceu por cinco dias na sala amarela, antes de seguir para outra ala de cuidados mais intensivos. Mas não conseguiu vaga na UTI.

“Diziam que não faziam nada por ela porque não tinha leito de UTI, só tinha ali na sala amarela. As mães que chegam lá na recepção não têm nem lugar para sentar; é sempre em pé para tentar ser atendida. Quando conseguem, são 22h. Sempre tem briga lá. Quando eu estava lá, vi mãe bater em segurança. Está desesperador”, contou.

A mãe Taysla Alves também enfrentou dificuldades na UPA do Ibura enquanto esteve na unidade com o filho Pietro, de 1 ano. Ela procurou a unidade na terça-feira (13), após perceber que o filho estava ficando roxo, por falta de oxigenação.

“Nós fomos para a UPA na terça e só ficamos lá até a quinta, porque viram que eu estava chamando algum repórter. Eles disseram que não podiam fazer mais nada, porque não tinha mais leito. Falaram que estavam mandando a solicitação para todo o estado e ninguém estava aceitando a vaga de UTI para o meu filho”, disse Taysla.