Membros do governo Lula veem ‘lentidão’ do México em negociação com Brasil e Colômbia em crise na Venezuela

Da esquerda para a direita: o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; o candidato oposicionista à presidência da Venezuela, Edmundo González; o ditador venezuelano, Nicolás Maduro; o presidente da Colômbia, Gustavo Petro e o do México, Andrés Manuel López Obrador

O Globo

Em meio à tentativa de abrir um canal de negociação entre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o diplomata Edmundo González, para a negociação de um acordo para pacificar o país vizinho, integrantes do governo brasileiro percebem uma lentidão nas respostas do México às propostas de Brasil e Colômbia.

Segundo relataram, essa demora, que parece uma “hesitação” diante desse desafio, pode ser atribuída à troca de presidentes mexicanos: a partir de 1º de outubro, Manuel López Obrador será substituído por Claudia Sheinbaum.

Um integrante do governo que participará das negociações afirmou que esta é uma das razões pelas quais ainda não aconteceu o esperado telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, o colombiano Gustavo Petro e Obrador a Nicolás Maduro e Edmundo González. As conversas seriam separadas, com cada uma das partes, e precisariam ocorrer em breve.

Nesta segunda-feira, Sheinbaum declarou que a crise na Venezuela, em uma tradução livre do espanhol, “não se aplica a nós”.

Ao afirmar que não vai se envolver, a futura presidente do México indica que pode estar tirando o corpo fora, avaliam altos funcionários envolvidos no assunto.

Obrador se uniu aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro. O trio insiste na divulgação dos documentos que mostrem quem venceu a eleição de 28 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O órgão declarou que Maduro ganhou a disputa com González, levando a oposição a denunciar que houve fraude no pleito.

Eleita com o apoio de Obrador, Claudia Sheinbaum será a primeira mulher a presidir o México. Existe a expectativa de um acerto entre ela e o atual presidente, que permita uma negociação entre governo e oposição.

Apesar do sentimento de preocupação em relação ao México, o governo brasileiro tem mantido contatos frequentes com autoridades mexicanas e colombianas. Além disso, desde que se proclamou o resultado da eleição, considerada fraudulenta também por parte da comunidade internacional, representantes do Brasil, em seus mais variados níveis, conversam com Maduro e a oposição. Pedem para resolver o ime pacificamente.

Nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajará para Bogotá, para uma reunião com o chanceler da Colômbia, Luis Gilberto Murillo. Vieira e Murillo vão discutir a crise na Venezuela e formas de abrir um canal de diálogo entre Maduro e González.

Desde que Maduro foi declarado o vencedor do pleito pelo CNE, o país mergulhou em um cenário de violência, com milhares de prisões de opositores e mortes de manifestantes. De sua parte, a instituição praticamente ignora os apelos do Brasil e de outros países, para que os boletins de urna sejam divulgados.

Somente a partir do conhecimento de dados detalhados sobre a votação será possível ao governo brasileiro reconhecer a vitória de Maduro, ou de González, caso de prove o contrário.