Poder360
Ministros do chamado Centrão ficam de fora de agendas privadas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu 3º mandato. Segundo levantamento do Poder360, Celso Sabino (União Brasil), André Fufuca (PP) e André de Paula (PSD) não são recebidos pelo presidente há mais de 100 dias.
A conta considerou as reuniões registradas na agenda oficial em que até cinco pessoas estiveram presentes, contando com Lula. Também não foram contabilizadas reuniões ministeriais. Os dados incluem encontros de 1º de janeiro de 2023 a 7 de março de 2025.
Além de serem indicações de seus partidos como parte de negociações para a base de apoio a Lula no Congresso visando a garantir a governabilidade do petista, os ministros “esquecidos” também estão em áreas de menos apelo para o Planalto.
Celso Sabino é o ministro do Turismo, André Fufuca, do Esporte, e André de Paula, da Pesca. Os partidos dos dois últimos, inclusive, podem ganhar mais espaço no governo com as mudanças de uma reforma ministerial que deve ganhar tração no pós-Carnaval.
A bancada do PSD na Câmara reivindica um espaço de mais prestígio na Esplanada, já o PP pode ganhar um ministério caso o ex-presidente da Casa Baixa Arthur Lira (PP-AL) seja indicado para o 1º escalão de Lula.
Da mesma forma como há os ministros do Centrão mais afastados de Lula, também há os queridinhos. Os ministros da área de Infraestrutura, por exemplo, tiveram reuniões há menos tempo que petistas.
É o caso de Silvio Costa Filho (Republicanos), de Portos e Aeroportos, que recebe elogios constantes do presidente e esteve em uma agenda privada com o petista há menos tempo que Camilo Santana, da Educação.
Outros que caíram nas graças de Lula foram os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), dos Transportes, Renan Filho (MDB), e das Cidades, Jader Filho (MDB). Estes são constantemente elogiados e levados por Lula em viagens para fazerem entregas nos Estados.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que é petista, nunca foi recebida por Lula para uma reunião privada.
General Amaro (Gabinete de Segurança Institucional) é o recordista, com um hiato de 322 dias sem ver o petista em audiência privada, segundo a agenda oficial.
Segundo o levantamento, os mais recebidos por Lula no período foram Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Isso porque os três ministérios são considerados os mais importantes da Esplanada, já que são o chefe da economia, da articulação com a Esplanada e da articulação com o Congresso, respectivamente.
Congressistas reclamam da dificuldade em se comunicar com Lula diretamente. Ele recebeu pouco mais de 100 deputados e senadores para reuniões. Dos que conseguiram estar com o petista, a maioria é formada pelos próprios líderes governistas ou apoiadores próximos a Lula, ou ao PT no Congresso.
Há quem faça a avaliação de que a ida de Gleisi Hoffmann (PT) para as Relações Institucionais pode isolar ainda mais o presidente a uma cúpula petista.
Mesmo criticado por uma ala do Palácio do Planalto, Fernando Haddad segue em alta com o presidente. Ao menos no espaço de agenda. O ministro da Fazenda teve ao menos 100 encontros privados durante o mandato.
Neste ano de 2025, Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação) foi o ministro que mais teve encontros privados com o petista, com 23 até o momento. O número é um retrato do esforço do governo federal em reter a queda de popularidade de Lula, que pela 1ª vez no mandato, registrou desaprovação maior que 50%.
Além disso, Sidônio e Lula têm reuniões de atualização das notícias quase que diárias no Palácio do Planalto. O ex-marqueteiro de campanha é quase sempre o 1º a estar na agenda de Lula logo pela manhã.
Ex-ministros
Dos sete ex-ministros do governo, só um teve mais de 60 reuniões. Paulo Pimenta (ex-Secom) teve 84 encontros, muito por causa de sua atuação enquanto ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul e pelas reuniões diárias que são atribuição do chefe da comunicação do Planalto. Foi demitido em 07 de janeiro deste ano e substituído pelo marqueteiro Sidônio Palmeira.
Em relação à Saúde, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada, Lula se encontrou com Nísia Trindade em apenas 16 oportunidades em 2 anos. Em 2025, se reuniu com a ex-ministra só na ocasião em que a demitiu.
Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), demitido por envolvimento no 8 de Janeiro, só teve 1 encontro a sós com o presidente Lula enquanto era ministro. Este ficou no cargo até 19 de abril, quando apareceu em imagens da invasão ao Palácio do Planalto.