O Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) apresenta nesta terça-feira (06) uma exposição histórica sobre o domínio holandês na região Nordeste entre os anos de 1630 e 1954. O evento reacende o debate sobre os holandeses terem sido expulsos ou se houve uma redenção à Coroa Portuguesa.
O público poderá entender essas nuances na exposição intitulada de: “1654- 370 Anos da Rendição dos Holandeses em Pernambuco: Reflexões Históricas e Contemporâneas”. Ela vai além do contexto histórico amplamente estudado por grandes escritores como Antônio Gonçalves de Mello, Evaldo Cabral de Mello, Leonardo Dantas e Bruno Miranda, trazendo à tona uma nova discussão sobre visões que ainda mexem com o imaginário de muitos pernambucanos.
Esta exposição, apoiada pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, com patrocínio do Santander, é realizada pelo Museu do Estado de Pernambuco e Sociedade dos Amigos do Museu do Estado de Pernambuco (Sampe). A expo-1654 mostrará dúvidas, reflexões históricas e contemporâneas, explorando importantes fatos do período da ocupação holandesa no século XVII, como foi abordado o tricentenário da rendição em 1954, e questionamentos como e por que tais mitos ainda podem desaparecer do imaginário pernambucano.
Relação de Portugal e Holanda
Historicamente, os 24 anos de ocupação holandesa em Pernambuco são divididos em três fases: a Chegada (1630-35), o Período Nassoviano (1637-44) e a Restauração (1645-54). Dentre esses períodos, os sete anos de governo do Conde Maurício de Nassau foram assinalados pelo processo de modernização urbana e pelos investimentos em produções científicas realizados pela sua comitiva
O Brasil foi invadido pelos holandeses nove anos após a expulsão dos ses, mas Portugal (União Ibérica) e a Holanda já tinham uma relação conturbada de longa data.
Quando a Espanha se tornou uma potência europeia, teve como um dos objetivos unificar a península ibérica e inserir Portugal em seu território. Os portugueses resistiram, mas foram vencidos no século XVI. No ano de 1578, com a morte do rei dom Sebastião, o cardeal Henrique assumiu a regência e deixou como herdeiro Felipe II. Este invadiu Portugal e deixou o país sob domínio espanhol até 1640.
Antes de Portugal ser tomado, o país já havia firmado relações comerciais com holandeses que financiaram a produção de açúcar no Brasil e ficaram responsáveis pelo comércios deste produto na Europa. Naquele mesmo período, a Espanha já tinha o intuito de dominar o território dos Países Baixos, onde a Holanda estava situada, pois o local contribuía para o abastecimento dos cofres do tesouro espanhol.
Diante disso, províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda, formaram a República das Províncias Unidas para lutar por autonomia em relação aos espanhóis. Com Portugal incorporado, a Espanha tentou sufocar a economia da Holanda tentando impedir a comercialização do açúcar brasileiro. Desta maneira, a Holanda não conseguiria a independência.