Diante das últimas declarações de parlamentares na Câmara dos Vereadores do Recife, a atual legislatura tende a protagonizar embates de opositores. Novos parlamentares, estreando na vida política na Casa de José Mariano, assim como figuras com mais experiência, se digladiaram nos primeiros dias do ano. Declarações deterministas e respostas contundentes decoraram algumas atas de reuniões.
É o caso, por exemplo de Thiago Medina (PL), autointitulado o “Nikolas Ferreira do Nordeste”. Ainda no ano ado, na ocasião da diplomação do prefeito, vice-prefeito e vereados do Recife, Medina já afirmava que faria uma oposição reativa na Câmara Municipal. Na primeira votação da Casa, que aprovou a reforma istrativa da Prefeitura, as divergências acabaram se destacando mais do que o próprio resultado da pauta.
Em episódio mais recente, a bancada da oposição expediu uma nota pública de repúdio contra a gestão municipal, quando um parlamentar teria sido impedido de entrar no canteiro de obra da Creche AeroClub, na Zona Sul da cidade. A bancada do governo chegou a responder, afirmando que o vereador deveria fazer um agendamento para visitação, e que não havia equipamentos de proteção individual (EPI) disponíveis para que ele entrasse no local.
Oposição aposta no ineditismo na Câmara
De acordo com a cientista política Priscila Lapa, a novidade da nova legislatura é justamente a existência de uma oposição ao governo de João Campos (PSB), mesmo que ainda imprecisa nos argumentos. “Não é apenas algo que a gente pode creditar especificamente a ele, mas sim, ele ou quatro anos sem que a oposição conseguisse emplacar uma agenda que fizesse sentido para o eleitor, conectada com o eleitor. Que conseguisse suplantar o ritmo de entregas e o ritmo de popularidade do prefeito”, disse.
A campanha das eleições municipais de 2024, que garantiu a reeleição histórica do prefeito, mostrou que há alguns pontos de fragilidade que podem ser utilizados pela bancada. “O que ficou evidente é que algumas agendas podem começar a ser encampadas pela oposição, no sentido mais propositivo, e que sim podem fazer sentido para a população”, comentou.
Por outro lado, pensando em uma projeção para o futuro, 2025 também marca o período que antecede as eleições gerais, em outubro do ano que vem. “Pode haver uma conexão maior com o contexto nacional de polarização, bolsonarismo versus lulismo, e isso pode de alguma forma trazer fôlego discursivo narrativo para essas forças de oposição”, afirmou.
Lapa observa ainda que os cenários estão claros, e Campos já vem jogando para se prevenir de possíveis incêndios. “Inclusive essa reforma do secretariado. Ela já foi muito antevendo que a conjuntura mudou que outras pautas começam a entrar em evidência e é preciso uma resposta mais efetiva da prefeitura, inclusive nessa composição partidária”, disse, por fim.