Número de profissionais de saúde com Covid-19 sobe 284% em duas semanas em Pernambuco

Somente na semana ada, 809 profissionais de saúde foram diagnosticados com Covid-19 em Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo

As infecções por Covid-19 provocadas pela variante ômicron tiveram impacto na rotina de muitos trabalhadores de saúde. Dados da Secretaria Estadual (SES-PE) apontam um aumento de 284% no número de profissionais doentes, em duas semanas. É o recorde na média móvel de casos em profissionais de saúde desde o início de 2021.

Nesta sexta-feira (04) a média era de 146 confirmações por dia. No dia 21 de janeiro, Pernambuco registrou uma média de 38 casos de Covid em profissionais de saúde.

O afastamento do trabalho de centenas de profissionais de saúde por suspeita ou confirmação da Covid-19 tem afetado o atendimento nas unidades de saúde de Pernambuco.

Na semana ada, 809 deles foram diagnosticados por meio de testes realizados no estado. Do domingo até esta sexta-feira, outros 624 testaram positivo.

Enquanto tantos profissionais precisaram ser afastados, também aumenta a demanda por atendimento, por causa da aceleração da variante ômicron. A procura por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por exemplo, aumentou 18% em uma semana.

Uma situação que desorganiza tudo nas unidades de saúde e deixa o atendimento mais precário. São mais de 1.800 pessoas internadas, nas redes pública e privada, precisando de cuidados.

O enfermeiro e técnico de enfermagem Paulo Williams Pereira diz que não se surpreendeu por pegar o novo coronavírus. Ele contou que a maioria dos profissionais com teste positivo está sem sintomas.

“É difícil a gente ter o controle. Mesmo com os números altos de profissionais se afastando, as estatísticas podem ser maiores, se todos puderem fazer a testagem. Está difícil”, disse.

Paulo trabalha em ambulâncias e também no Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Zona Oeste do Recife. Atende pacientes com Covid desde o início da pandemia, em 2020.

Recentemente, chegou a fazer um plantão bem maior do que o normal para cobrir escalas alteradas por causa do afastamento de colegas. Pegou o novo coronavírus pela segunda vez e ainda está em casa.

“Precisa de escala de extra para suprir a demanda ou de profissionais trabalhando com uma sobrecarga acima do normal. Às vezes, chega a dar 36 horas de plantão para cobrir os outros. A gente chega realmente a uma estafa e pode colapsar e não ter profissional suficiente para suprir a demanda”, destacou.

O enfermeiro conta que ou o susto da doença, mas que a carga de trabalho dos profissionais da área continua assustadora enquanto, em Pernambuco, o protocolo em vigor ainda permite a realização de eventos com até 3 mil pessoas.

“Pode chegar uma hora que não vai ter como assegurar o serviço. O susto da doença tem ado, mas o susto com a carga de trabalho não. Tem assustado não só a mim, mas também outros colegas de trabalho”, salientou.