Por Igor Maciel/JC
O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias enviado pelo governo Raquel Lyra (PSDB) à Assembleia Legislativa de Pernambuco tem um fato interessante que mostra um pouco do otimismo da gestão para os próximos anos. O documento prevê uma ampliação das receitas do estado entre 2025 e 2027, indo de R$ 54 bilhões até R$ 57 bilhões.
Entre planejar e realizar esses números há uma grande distância, mas a ideia é que o Palácio começou a olhar para o futuro com menos ansiedade, porque as coisas estão se organizando no istrativo, no financeiro e, acreditem, na articulação política. Ao mesmo tempo, há um certo abatimento dos “beneficiários do caos” que todo governo iniciante precisa enfrentar. E é sobre eles que esta coluna vai falar.
Os beneficiários do caos são aqueles que saem no lucro com a fragilidade de uma gestão em começo de mandato, precisando organizar as contas, sem saber em quem pode realmente confiar e tropeçando muito até encontrar um rumo. Quando um novo grupo político assume uma máquina que vinha funcionando minimamente, é difícil girar cargos, ocupar todos os espaços e orientar as secretarias para trabalhar com alguma unidade.
Nesses momentos, surgem pessoas se alimentando desse descomo em todos os lugares. No Legislativo, no Judiciário, em instituições fiscalizatórias.
Grupos e partidos políticos se escalam para bater ou tentar tirar uma lasquinha do ambiente confuso. Enquanto a nova equipe corre de um lado para outro tentando encontrar conforto, não faltam pernas esticadas em posição de rasteira e braços estendidos carregando boletos pesados como condição para ajudar. Acontece sempre, como aconteceu nos primeiros anos de Eduardo Campos, de Paulo Câmara e como vai acontecer toda vez que houver oportunidade.
Alguns tropeçam e levantam, outros capengam por toda a gestão sem conseguir se recuperar e por não ter um plano.
Paulo Câmara nunca se recuperou, quando ainda governador, do fato de não ter Eduardo como fio condutor político. A morte do ex-governador transformou o que seria uma continuidade em governo estreante e criou um exército de pernas em rasteira e braços condicionados estendidos. Precisou pagar tantas dívidas políticas na primeira gestão que se anulou.
Quase anulado, precisou renovar muitos acordos para ter chance de reeleição, ou novos quatro anos ruins e ainda enfrentou uma pandemia. A gente é para o que nasce, diz uma frase famosa.
Alguns nascem para gerir um estado, outros nascem para gerir instituições financeiras. Paulo vai muito bem no Banco do Nordeste, por sinal. É um verdadeiro case de sucesso a ser reconhecido.