Valor
Uma nota técnica do Ministério da Saúde atualizou as recomendações da pasta com relação às vacinas de vetor viral da Astrazeneca e da Janssen, ando a recomendar que “população abaixo de 40 anos de idade sejam istradas preferencialmente vacinas Covid-19 de plataformas que não sejam de vetor viral”.
O documento, revelado inicialmente em uma matéria da RFI, é datado de 27 de dezembro do ano ado e assinado pela coordenadoria-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Após a publicação da reportagem da RFI, a nota técnica que foi compartilhada no site da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBMI) não estava mais disponível para consulta.
O Valor conseguiu o ao documento via cache do Google e tentou uma versão também com o Ministério da Saúde, mas a assessoria de imprensa da pasta não enviou à reportagem.
Contudo, o Ministério da Saúde respondeu em nota afirmando que o acordo entre a Pasta e a Fiocruz segue vigente, incluindo a produção e entrega escalonada de doses do imunizante. Ou seja, o Brasil não abandonou a vacina da Astrazeneca contra Covid-19.
Trombose com trombocitopenia
Para embasar a decisão, a nota destaca que, em meados de fevereiro de 2021, países como Alemanha, Dinamarca, Reino Unido e Austrália relataram síndrome de trombose com trombocitopenia em pessoas que receberam imunizante de vetor viral, incluindo também a vacina Janssen.
Em março daquele mesmo ano, países da União Europeia suspenderam o uso da vacina da Astrazeneca após relatos de distúrbios de coagulação em pessoas que receberam doses. O imunizante segue na lista do bloco como “seguro para os europeus”.
No Brasil, segundo o documento, de 40 casos prováveis e confirmados de Síndrome de Trombose com Trombocitopenia distribuídos por dose de vacina para Covid-19, notificados no e-SUS Notifica Brasil (excluindo-se São Paulo) entre janeiro de 2021 e setembro de 2022, 34 foram atribuídos à vacina da Astrazeneca.
A decisão apresentada na nota técnica do Ministério da Saúde sugere que “atualizar as recomendações de uso das vacinas de vetor viral (Astrazeneca e Janssen) para que, na população abaixo de 40 anos de idade, sejam istradas preferencialmente vacinas Covid-19 de plataformas que não sejam de vetor viral”. A medida não sugere uma menor eficácia da vacina.
Depois da decisão da pasta, Estados mudaram a dinâmica de aplicação e aram a priorizar outros imunizantes para aplicação no público abaixo dos 40 anos. No entanto, as secretarias de saúde estaduais destacam que, caso uma unidade de saúde tenha apenas o imunizante da Astrazeneca, ele deve ser utilizado.
Quem já tomou a vacina da Astrazeneca não precisa se preocupar, pois não há histórico de pessoas que tenham apresentado efeitos tardios com relação à dose istrada anteriormente.
Vacinas de adenovírus, como o caso da Astrazeneca, utilizam um vírus inofensivo para fornecer uma espécie de “guia” ao vírus da Covid-19 e, assim, com o nosso organismo produzindo a proteína específica do coronavírus, nosso sistema imunológico reconhece a proteína como “invasora”, criando uma defesa contra a infecção.