O diagnóstico de Sidônio sobre o principal entrave de Lula na comunicação

Sidônio Palmeira na cerimônia em que assumiu o cargo de ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Por Malu Gaspar/O Globo

A reunião ministerial de sete horas de Lula com seus ministros, nesta segunda-feira (20), funcionou como o primeiro o de uma estratégia desenhada por Sidônio Palmeira em conversas com o presidente e seus auxiliares mais próximos – e prevê providências em várias frentes, sempre partindo de um diagnóstico principal: o de que o governo não se comunica internamente e de que o time precisa ficar “na mesma página”.

Nos papos com ministros palacianos como Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), além de vários outros interlocutores na Secom, nos últimos dias, Sidônio se convenceu de que o governo tem produzido resultados e iniciativas que não estão chegando à população, por várias razões.

A primeira é que os ministros, que são os porta-vozes naturais, não sabem o que acontece dentro do próprio governo.

Um segundo ponto do qual Sidônio tem falado internamente é que a própria comunicação do governo também não estaria destacando essas realizações, como programas que funcionam no Ministério da Saúde, amplamente criticado por falhas como a perda de validade de milhões de doses de vacina. Ou, quando destaca, mostra mais números e estatísticas do que pessoas reais relatando de que forma foram beneficiadas.

A reclamação de Lula sobre entregas concretas que afetem a vida da população já é um resultado dessa avaliação do novo ministro da Secom.

A agenda de Lula também não estaria ajudando, de acordo com interlocutores de Sidônio, já que há ministros que tentam espaço e não conseguem — como por exemplo Jader Barbalho (Cidades) com as entregas do Minha Casa Minha Vida.

Além disso, eles não obedecem a uma estratégia única de comunicação. Cada um fala o que acha que deve no momento que considera adequado, sem que haja um planejamento ou uma discussão anterior com a Secom sobre quais as prioridades do governo.

Na reunião, Lula deixou claro também que Sidônio tem carta branca para procurar todos os ministros diretamente e articular um discurso único para o governo. Dentre todas as tarefas que Sidônio terá que executar, essa “expedição aos ministérios de Lula” será a prioridade.

Nas reuniões com os colegas de Esplanada, o ex-marqueteiro e atual ministro vai procurar listar o que cada um pode oferecer de entregas, entender com qual abordagem esses temas podem ser divulgados e em quais formatos – se redes sociais, spots radiofônicos, entrevistas, etc.

Depois disso, o novo ministro pretende elaborar uma estratégia comum, que no mundo ideal do estrategista poderia vir a ter até uma escala de entrevistas de seus colegas de Esplanada conforme as prioridades do governo.