O que é o ‘efeito Tabata’, que deixou campanhas alarmadas em São Paulo

Tabata Amaral

Valor

Para surpresa de muitos, a candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) apresentou uma variação positiva e consistente nas últimas pesquisas de intenção de voto. A deputada federal foi de 8% para 11%, segundo a enquete promovida pela Quaest e divulgada na última terça-feira.

Esta subida, que está sendo chamada por alguns de “efeito Tabata” fez as campanhas de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol) entrarem em estado de alerta. Os concorrentes esperavam que os eleitores da parlamentar fossem fazer voto útil já neste primeiro turno e confirmar o prosseguimento da candidatura deles na próxima fase do pleito, porém as pesquisas revelam outra coisa.

De acordo a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Coordenadora do Laboratório de Partidos e Política comparada (Lappcom), Mayra Goulart, quem deve se preocupar mais com a elevação das intenções de voto na parlamentar é o atual prefeito da capital paulista. Segundo ela, o eleitorado de Boulos é muito fiel à sua ideologia.

“Nesta eleição, Nunes se vende como um candidato de perfil moderado de direita. A Tabata também se apresenta como uma candidata moderada. Com isso, eles têm uma maior intercessão de votos”, explica.

Além disso, a especialista afirma que Tabata tem um discurso tendendo para a social-democracia, “que reconhece o papel do mercado, e não tem uma relação conflitiva com ele”. Com isso, ela não vai pegar votos de candidatos com linhas ideológicas muito definidas nos extremos do espectro político.

Em um eventual segundo turno sem Tabata, a cientista política afirma que se a parlamentar nascida na Vila Missionária decidir apoiar Boulos, e fazer uma frente ampla de esquerda, ela pode ganhar maior notoriedade, como ocorreu com a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), em 2022.

“É importante que ela tenha uma boa votação nesse primeiro turno, porque isso aumenta o e dela para fazer parte do governo Lula ou de um eventual governo Boulos na cidade de São Paulo”, explica.

Já Clarisse Gurgel, cientista política e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o voto útil pode não ocorrer neste momento das eleições. “Geralmente, o eleitor adere ao voto útil na expectativa de encerrar o pleito já no primeiro turno. Mas, em São Paulo, essa perspectiva não existe, o segundo turno é um fato quase concreto”, afirma.

A especialista ainda critica essa tática eleitoral e afirma que o fenômeno ganhou maior visibilidade com a polarização que o Brasil atravessa.

“O voto útil é despolitizante, pois decidimos abdicar de nossas concepções para votar em quem tem mais chance a partir de certos cálculos”. Diz. “Então, não vale muito o debate político. Caminhamos para uma polarização sem politização, polos sem pólis”, explica.