O Globo
Na maioria dos estados localizados no Centro-sul do Brasil, a onda de calor termina apenas nessa segunda-feira. São Paulo e Rio de Janeiro, no entanto, só devem sentir algum alívio na quinta-feira. Segundo a empresa de monitoramento MetSul, a semana que está começando é considerada de alto risco meteorológico por conta de uma série de fenômenos de grande escala.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as ondas de calor acontecem quando as temperaturas permanecem em uma janela superior a 5ºC acima da média por 5 dias consecutivos, pelo menos. No entanto, como março encerra a estação do verão e marca o início do outono, pode haver mudanças repentinas nas condições climáticas.
Em primeiro lugar, uma massa de ar quente, muito úmida, deve continuar sobre o Sul do país até o meio da semana, segundo o MetSul, favorecendo casos de chuvas isoladas em curto intervalo de tempo, o que aumenta a chance de haver temporais.
A umidade aumenta também no Sudeste. Isso, junto ao ar quente sobre a região, deve favorecer ocorrências de temporais isolados, que podem levar a grande quantidade de chuva em algumas cidades, com probabilidade de alagamentos e inundações.
A cidade de Salvador, onde não houve onda de calor, permanece com tempo firme até amanhã. Depois, pode haver pancadas de chuva ageiras. Fez 31º C na cidade neste domingo.
Mas o sistema mais preocupante chega na quarta-feira, quando uma frente fria deve avançar pelo Rio Grande do Sul com grande intensidade. Grandes nuvens de tempestade são formadas na medida em que a massa de ar frio encontra a massa de ar quente à sua frente.
— Essa intensa frente fria, na quarta, já levará chuva para o Rio Grande do Sul. Na quinta, chove em todo o Sul. Aquela área que era o centro da bolha de calor, ou seja, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, também terá chuvas, estima o meteorologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Wanderson Luiz Silva.
Por conta dessa massa de ar, o especialista avalia que deve se formar um fenômeno meteorológico conhecido como condição pré-frontal no Rio e em São Paulo, caracterizado por um aquecimento adicional antes da chegada das temperaturas baixas.
O Centro de Operações Rio (COR) informou que a cidade do Rio de Janeiro teve novo recorde de sensação térmica neste domingo, com 62,3º C registrados na estação de Guaratiba, na Zona Oeste.
É o maior patamar desde 2014, quando começaram as medições. A segunda será mais um dia de calor no município, com previsão de temperaturas máximas no entorno dos 39°C e sensações térmicas acima dos 50°C, disse o COR.
— No estado do Rio, o alerta de chuva forte vale para a tarde e noite de quinta-feira e ao longo de sexta-feira. O choque do avanço deste ar mais frio com este ar mais quente junto da umidade local poderá provocar intensas tempestades, disse Silva.
Já os paulistas devem sentir uma pequena queda na temperatura, mas não muito acentuada:
— Nesta segunda, a cidade de São Paulo deve sentir um refresco devido a outra frente fria lá do oceano, mas que não conseguiu avançar com força pelo Sudeste por causa do bloqueio atmosférico. Por isso pode chover de forma isolada e ageira na capital, disse Silva, prevendo temperatura próxima a 30º nesta segunda.