O Globo
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa a blindagem de parlamentares em investigações e operações policiais voltará a ser assunto entre os líderes partidários da Câmara em reunião realizada nesta terça-feira. Articulada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em meio às pressões de vários partidos pelas recentes ações da Polícia Federal no Congresso, a PEC deve ser relatada por um nome do Centrão, como forma de evitar a polarização entre governistas e opositores ao tratar sobre o tema.
No encontro desta terça, os líderes apresentarão a Lira os percentuais das suas bancadas que estariam de acordo com a proposta. Esta foi uma exigência de Lira, apresentada na reunião da última semana, quando afirmou que o texto só iria à frente, caso “houvesse um consenso”.
Uma das ideias dos parlamentares seria elaborar uma PEC que trate da mudança do foro de parlamentares. Desta forma, crimes relacionados ao seus mandatos poderiam ar por outros tribunais antes de chegar ao Supremo Tribunal Federal. O assunto monopolizou as atenções na última reunião do Colégio de Líderes. Um dos presentes, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que é líder da oposição na Câmara e foi alvo de operação recente da PF por suposto envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, se manifestou.
Ao falar, o deputado teria externado a expectativa não correspondida de ver um posicionamento mais enfático de Lira no dia da ação que cumpriu mandados de busca e apreensão em seu gabinete. Ele foi um dos alvos da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, ocorrida em janeiro. Agentes estiveram em endereços ligados ao parlamentar no Rio de Janeiro e em Brasília à procura de provas de participação nos atos golpistas. O parlamentar negou ter incitado ou financiado golpistas ao chegar à sede da Superintendência Regional da Polícia Federal do Rio de Janeiro, onde prestou depoimento.
Ainda na sede da PF no Rio, o deputado, que teve uma arma, celulares, computador e aporte apreendidos, relacionou a ação com sua pré-candidatura à prefeitura de Niterói.
Também em janeiro, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), sete policiais federais e três servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram alvos de uma operação da Polícia Federal contra um suposto monitoramento ilegal feito pelo órgão durante o governo de Jair Bolsonaro. Ele nega irregularidades. Policiais federais cumpriram 21 mandados de busca e apreensão nesta operação.