A quem interessa a privatização dos Correios?
Por Danizete Siqueira de Lima
É comum, nos dias atuais, escutarmos severas críticas sobre a Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos (EBCT). Empresa essa que, em tempos idos, orgulhava os brasileiros pela sua seriedade e competência istrativa, o que não vemos nos últimos governos notadamente, a partir da era petista, com Luís Inácio Lula da Silva e Cia, quando a mesma começou a ser sucateada ao ponto de meterem a mão em seu fundo de pensão (o Postalis), que tem 134 mil associados e um patrimônio de R$ 8,7 bilhões.
Aliás, é bom que se diga que o PT meteu a mão em tudo que encontrou pela frente, começando pela nossa Petrobrás e, logo após, nos fundos de pensão. Além do Postalis não escaparam incólumes o fundo PETRO, da Petrobras nem a PREVI, do Banco do Brasil. Mas, para não misturarmos as coisas, deixemos esse assunto para outra ocasião.
Já que o nosso tema é sobre a privatização dos Correios, queremos registrar o lucro histórico dessa empresa no último exercício financeiro (2021), que ficou em R$ 3,7 bilhões, superando em 101% o apresentado em 2020, ou seja, dobrou o resultado econômico conforme dados divulgados na quinta feira, (17/03).
Se dividirmos esse lucro por 12 teremos quase R$ 310 milhões de reais por cada mês decorrido o que, convenhamos, é um valor significativo para os dias atuais e que pode muito bem aliviar as contas do governo federal. Considerando que esse é o terceiro ano consecutivo em que a empresa rende bons lucros, a quem interessa a venda da estatal?
Não seria mais interessante investir na mesma para que ela voltasse ao seu lugar de destaque? Em nossa humilde visão não se privatizam empresas superavitárias; pelo contrário, se investe em novas tecnologias, capacitação funcional e modernidade, tornando-as cada vez mais competitivas. E, no caso dos Correios, mesmo sendo empresa única no ramo, não estaria descartada dos investimentos, para melhoria e crescimento.
Mas, não parece ser esta a preocupação dos governos últimos, principalmente com um ministro aloprado feito o Paulo Guedes, que se julga o “Posto Ipiranga” do presidente, embora não tenha mostrado para que veio nesses 3 anos e 3 meses de ministério.
E o nosso pensamento se baseia numa matéria que vimos, recentemente, onde consta o seguinte: O secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, informou na quinta-feira (24) que a privatização dos Correios poderá levar o poder público a arrecadar mais R$ 4,4 bilhões por ano. Os correios possuem imunidade tributária, ou seja, não pagam a maioria dos impostos que as demais empresas pagam. Com a privatização, o benefício seria extinto. O montante apresentado por Mac Cord envolve a arrecadação da União e de estados e municípios. O secretário apresentou a estimativa ao participar de uma audiência pública sobre o tema no Ministério das Comunicações.
Por sua vez, a Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) afirmou que, na prática, o processo de privatização dos Correios, caso concretizado, vai resultar no aumento de tarifas aos consumidores. O mais curioso é que o governo nega o aumento de tarifas mesmo não conseguindo esconder suas intenções em ampliar sua arrecadação com a privatização, conforme se viu em audiência pública realizada para discussão do tema. E, como não há almoço grátis, quem vai pagar mais esta conta serão os cidadãos e as empresas.
Pelo sim pelo não, vamos aguardar o desfecho. O que temos de concreto é que o Projeto de Lei que permite a privatização da estatal foi enviado pelo governo ao Congresso no ano ado. O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, mas ainda não ou no Senado e não há previsão de votação, haja vista a resistência por parte dos senadores.
Considerando que estamos em um ano de eleição, pela nossa ótica, essa polêmica tende a se arrastar para 2023. Mas, isso não significa que a ideia seja descartada. Caso a privatização favoreça o governo tudo é questão de tempo.
Na verdade, ninguém está preocupado com a opinião pública, como nunca estiveram. A única preocupação dessa classe de maus políticos é com reeleição e bolsos recheados.
O resto que se exploda como bem dizia o grande personagem Justo Veríssimo, de saudosa memória.