Alô Compesa, tem alguém aí?
Por Danizete Siqueira de Lima
Vimos acompanhando há algum tempo, através das nossas rádios e blogs locais, o descaso da Compesa com o atendimento aos seus usuários, notadamente, na questão mais crucial: a irregularidade no abastecimento às nossas residências.
Não é fato novo a Compesa prestar um serviço de má qualidade aos seus usuários. Sempre se soube do seu descaso no tratamento dado à população em qualquer parte do estado por onde você e, tanto é que, por várias e várias vezes cogitou-se a possibilidade de sua privatização, visando alguma melhoria.
No nosso caso especificamente, em outros tempos de crise, como pano de fundo era alegado o quesito “racionamento”. Sabemos de sã consciência, que esse precioso líquido nem sempre é abundante por essas paragens, mas, em 2019, paciência. Tivemos chuvas em quantidade suficiente para encher os nossos reservatórios e darmos um descanso ao “Velho Chico”, tão explorado e sacrificado além da conta, dado ao grau de irresponsabilidade de uma boa parte da população que não toma conhecimento da importância que devemos dar ao tão precioso líquido.
O que mais nos chama à atenção é o descaso vir de tanto tempo e ninguém toma uma providência. Entra governo, sai governo, entra prefeito, sai prefeito, mudam os diretores e tudo continua como a famosa cantiga da perua. Ninguém responde, ninguém tem culpa, ninguém assume e tudo continua no jogo do empurra-empurra, numa irresponsabilidade sem tamanho. É aquela velha história: todos querem a festa mas ninguém quer batizar a criança.
O governo estadual, não existe; o municipal, fecha os olhos, pois deve ter coisas mais importantes para fazer, mesmo porque nas casas dos ricos não faltam água. Pelo contrário, sobram cisternas, caixas reservatórias e até piscinas para os seus deleites nos finais de semana. Resumindo, não temos a quem recorrer. O único procedimento que a empresa cumpre fielmente e até com um certo rigor é na cobrança das contas. Aí sim, são de uma competência a toda prova.
Água em nossas torneiras poderá faltar por uma ou duas semanas mas, dinheiro para pagar as contas, se faltar estaremos ferrados com cobranças, cortes, aborrecimentos e mais taxas de religação para ampliação das receitas, que é o mais importante.
Seria muito bom que a empresa utilizasse o mesmo rigor das cobranças, também, na prestação dos serviços aos seus consumidores. Em sua grande maioria, como dissemos antes, trata-se de pessoas humildes que não dispõem de outros recursos, ou seja, elas têm ou não têm água, embora os R$ 50,00 (cinquenta reais), da taxa mínima (10m³), para o pagamento da conta mensal esteja ali guardadinho a sete chaves, esperando o dia do vencimento.
Portanto caríssimos leitores, com o intuito de exercermos a nossa cidadania, deixamos aqui o nosso apelo: cadê os nossos vereadores, cadê a prefeitura, cadê as lideranças comunitárias, cadê os deputados que nos representam? Poderíamos perguntar: cadê o governo do estado, que é o responsável direto pelas nomeações de técnicos e diretores dessa empresa? Esse, podemos descartar. Não está cuidando nem das “PEs” que nos rodeiam e que insistem em ceifar vidas de pais e mães de família que precisam transitar diariamente por essas tábuas de pirulito que tanto nos envergonham.
(*) Essa crônica foi postada em setembro de 2019, mas por continuar igual ou pior que aquele ano, o autor solicitou a sua reedição.