‘Pesquisa fake’ acirra ânimos da disputa entre Raquel Lyra e João Campos em Pernambuco

O prefeito de Recife, João Campos (PSB), e a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD): rivais nas eleições de 2026

O Globo

Uma pesquisa atribuída a uma instituição potiguar que indicaria pela primeira vez um empate técnico entre a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), e o até então favorito na disputa pelo Palácio das Princesas em 2026, João Campos (PSB), provocou celeuma nos bastidores da política do estado. Mas o levantamento, replicado por aliados de Raquel e diversos portais regionais, jamais existiu, o que acendeu um alerta no entorno do prefeito de Recife e obrigando o Seta Instituto, apontado como responsável pela projeção nas redes sociais, a desmenti-lo.

Depois da publicação da pesquisa, aliados de Campos se apressaram a atribuir o episódio a apoiadores de Raquel “desesperados” com o desempenho da ex-tucana – levantamento do Real Time divulgado no início de abril mostra o socialista na liderança isolada com 66% contra 22% da governadora do PSD.

A “pesquisa fake”, por sua vez, mostrava o Campos com 40% e Raquel com 38%, um cenário de empate técnico entre os rivais. Portais de comunicação reproduziram inclusive informações pretensamente técnicas sobre o levantamento, que teria ocorrido entre os dias 8 e 11 de maio a partir de 2,5 mil entrevistas por telefone “em meio à greve dos professores da rede municipal do Recife, que já afeta cerca de 100 mil alunos”.

Dias depois da circulação da pesquisa fake, o Seta Instituto divulgou nota negando ter realizado qualquer sondagem sobre a disputa pelo governo de Pernambuco no período.

Apesar do tom irônico, a equipe de Campos desencadeou nos bastidores uma operação de gestão de crise para sondar os possíveis efeitos da divulgação dos números falsos sobre a aprovação do prefeito, conhecido pela sua popularidade nas redes sociais.

Nada de relevante foi detectado até agora, mas a pesquisa fake foi suficiente para provocar um salseiro no cabo de guerra local pela sucessão do governo.

Acenos a Lula

Em baixa nas pesquisas e caminhando para enfrentar nas urnas o prefeito da capital do estado com altos índices de aprovação, Raquel Lyra tem se movimentado para chegar competitiva na disputa de 2026.

A governadora se desfiliou do PSDB, partido ao qual era filiada desde 2016, e se filiou ao PSD de Gilberto Kassab almejando se aproximar do governo Lula e forçar um palanque duplo no estado na possível candidatura à reeleição do presidente, que é próximo de João Campos e atualmente tem o PSB na vice-presidência na figura de Geraldo Alckmin.

Em 2022, Lula também contou com palanque duplo em Pernambuco na disputa contra Jair Bolsonaro. Na época, o PSB do vice Alckmin controlava o governo do estado com Paulo Câmara, que lançou Danilo Cabral à sua sucessão. Mas a ex-petista Marília Arraes também disputou o voto lulista pelo Solidariedade.

Danilo acabou de fora do segundo turno, vencido por Raquel contra Marília. Apesar da polarização política e do favoritismo de Lula no estado, a então governadora eleita optou pela neutralidade na disputa nacional.

Dessa vez, porém, episódios como o da pesquisa fake sugerem que a disputa pelo apoio do petista será bem mais conturbada do que há três anos.