População já sente impactos do aquecimento global no Recife

Falar do clima é quase uma regra para quebrar o gelo quando alguém está com algum desconhecido em um elevador e transporte público. Apesar de parecer um ato simples, a conversa sobre o aumento das temperaturas e instabilidade do clima mostra como a população vem sentindo os impactos do aquecimento global. Neste domingo (16), comemorou-se o Dia de Conscientização das Mudanças Climáticas, que levanta pontos sobre os impactos do estilo de vida do homem no planeta Terra e a urgência de agir diante das mudanças climáticas.

O Recife é uma das cidades brasileiras mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. De acordo com o Intergovernamental das Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), o Recife é a capital brasileira  mais ameaçada pelo avanço do nível do mar.

Essa vulnerabilidade decorre de fatores geográficos, socioeconômicos e ambientais que, combinados, aumentam os riscos associados ao aquecimento global. A localização costeira de Recife a torna suscetível à elevação do nível do mar e a eventos climáticos extremos, como inundações e deslizamentos.

“Nos últimos 15 anos, a taxa de aumento do nível do mar média do planeta foi cerca de 2,5 vezes superior à média de todos os séculos ados. Recife tem uma peculiaridade, que é a altitude média em relação ao nível do mar muito baixa. Então os efeitos da elevação do nível do mar, pelo aquecimento dos oceanos, pelo aquecimento do planeta, pelo reforço dos ventos também, fazem com que Recife seja uma cidade muito vulnerável”, explica Moacyr Araújo, coordenador científico da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O coordenador científico destaca que a capital pernambucana está a apenas 4 metros acima do nível do mar e que a maré chega a 3 metros de altura, o que causa prejuízos à cidade, uma vez que dificulta o escoamento de água das chuvas. Com a elevação do nível do mar por conta do derretimento das geleiras, bairros recifenses podem se prejudicar ainda mais, entre eles a Várzea, Afogados e Ilha do Retiro, pontua Moacyr Araújo.

A elevação de temperatura nos oceanos é uma consequência do aquecimento global e atinge diretamente o bem-estar da população e a frequência de eventos climáticos extremos.