Por que, nos últimos anos, o Recife não respeitou a Lei do Piso Salarial Nacional?

Por Telma Ratta*

O ato de priorizar a educação a necessariamente pela valorização dos profissionais que atuam nessa área e que têm sua importância reconhecida por toda sociedade. Escola não é apenas um espaço de aprendizagem, mas também um local de construção de conhecimento que tem um papel importante no desenvolvimento emocional e social dos estudantes.

Portanto, como uma capital como Recife, com maior arrecadação do estado, paga o pior salário da Região Metropolitana aos seus Professores e Professoras?

Por que professores e professoras da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) e dos anos finais (6º ao 9º anos), precisam arriscar suas vidas no ensino presencial se locomovendo até seu local de trabalho em pleno pico da contaminação da variante ômicron do coronavírus? Por que professoras/es da Educação Infantil e dos anos iniciais precisam arriscar suas vidas se locomovendo até seu local de trabalho para dar aulas online?

Por que, nos últimos anos, o Recife não respeitou a Lei do Piso Salarial Nacional? Seja na aplicação do percentual, seja no rebatimento na Carreira, fazendo com que o salário inicial da categoria se torne maior do que o salário do professor com especialização ou mestrado e com mais tempo de serviço?

Como recompor a aprendizagem e minimizar os prejuízos causados pela pandemia, quando a gestão da educação municipal compra com dispensa de licitação projetos milionários que desconhecem a realidade das comunidades atendidas pelas escolas do Recife e faz dos professores apenas reprodutores desses conteúdos?

São muitos os questionamentos que em mais de 30 anos de serviços prestados à Educação do Recife, me faço.

A certeza que eu tenho é que essa política educacional nefasta implementada em Recife, adotando um “copiar e colar” do Governo do Estado, vem deixando os profissionais com baixa autoestima, adoecidos e desestimulados pelas cobranças constantes dos resultados das avaliações externas e internas.

Há um empobrecimento e um adoecimento, com perda do poder de compra, uma vez que não temos a carreira valorizada e somos tratados como meros repetidores de uma política educacional preestabelecida, ignorados na condição de formuladores e formuladoras de uma política educacional de rede, construída juntamente com professores e professoras do Recife.

Realmente, não podemos mais adiar e tratar efetivamente a Educação como prioridade. Então, que se comece valorizando seus profissionais e cumprindo a Lei do Piso, aplicada em toda carreira e experimente como será bom trabalhar juntos com professores e professoras animados/as, comprometidos/as e qualificados/ as. O índice de 33,24% do Piso Salário do Magistério é lei! Cumpra-se!

*Telma Ratta, é diretora do Simpere e professora da Rede Municipal do Recife há 32 anos.