Recife está entre as capitais com maior aumento do custo de vida no Brasil em 2021. Alta de preços não devem parar

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Por Adriana Guarda/JC

Os indicadores econômicos confirmam o que qualquer chefe de família ou consumidor sentiu no bolso em 2021: o custo de vida no Recife pipocou. A feira ficou mais cara, o combustível disparou, a conta de luz subiu, o aluguel aumentou, o gás de cozinha ultraou os R$ 100. Provocado pela crise da Covid-19 e agravado por fatores locais, esta escalada nos preços corroeu o poder de compra da população e impactou a economia. Em vários indicadores, Recife chega a ter desempenho negativo acima da média nacional.

A inflação é um dos exemplos. Se em 2021, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil fechou em dois dígitos (10,06%), no Recife cravou 10,46%, ocupando o 8º lugar no ranking nacional. Assim como no Recife, a inflação superou a faixa de 10% em 10 das 16 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas em 2021 pelo IBGE. De forma mais geral no País, os índices que mais subiram foram os grupos de transportes e habitação, além de alimentos e bebidas.

A capital pernambucana acompanhou a tendência nacional. “A inflação recifense teve como carro-chefe os grupos de transportes e habitação, tendo combustíveis, energia e aluguel como os principais pesos para esta pressão. O combustível impacta duplamente o bolso das pessoas, tanto na compra direta como no ree dos preços de logística e transportes. A energia também tem efeito semelhante. Já o aluguel foi pressionado pela necessidade das pessoas de morar mais próximo do centro para evitar transtornos com deslocamento (engarrafamentos), além da utilização de transportes públicos por conta da pandemia”, analisa o economista da Búzios Consultoria, Rafael Ramos.

Inflação nas capitais:

Variação % em 2021

Curitiba -12,73
Vitória -11,5
Rio Branco – 11,43
Porto Alegre – 10,99
Campo Grande – 10,92
Salvador – 10,78
Fortaleza – 10,63
Recife – 10,42
Goiânia – 10,31
Aracaju – 10,14
São Luís – 9,91
São Paulo – 9,59
Belo Horizonte – 9,58
Brasília – 9,34
Rio de Janeiro – 8,58
Belém – 8,1

Cesta básica disparou

O professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e consultor de empresas, Ecio Costa, explica que Recife tem, historicamente, um custo de vida alto por conta de peculiaridades locais. “A cesta básica, um dos fatores que impacta o custo de vida, teve alta acima da média nacional em função de determinados produtos, da tributação e do preço dos combustíveis, por exemplo. Quando soma todos esses fatores, Pernambuco e Recife acabam apresentando um comportamento inflacionário mais elevado que a média nacional”, explica Costa.

Levantamento do Dieese mostra que em 2021, o valor da cesta básica aumentou nas 17 capitais onde o departamento realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Com aumento de 13,42%, Recife aparece em terceiro lugar entre as capitais que tiveram as maiores altas do País, atrás apenas de Curitiba (16,30%) e Natal (15,42%), Recife (13,42%). Esta foi à alta da cesta no último mês do ano, em relação a igual período de 2020.

“Certamente além dos impactos inflacionário geral, a maior parte dos itens que apresentaram aumento da cesta básica vêm de fora do Estado e são contaminados pelo custo do transporte para a cidade, que historicamente tem um custo de vida alto”, observa o economista Edgard Leonardo.

Os maiores aumentos anuais no Recife foram percebidos para o café (52,43%), o açúcar (43,94%), a banana (37,02%), o tomate (29,07%), a carne (14,32%), a manteiga (13,38%), a farinha de mandioca (5,24%), o óleo de soja (5,00%) e o pão francês (1,84%).