Poder360
O Planalto tem uma pesquisa semanal sobre aprovação do governo e a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos bastidores da Secretaria de Comunicação Social (Secom), da Presidência da República, dizem que parou de piorar a situação do petista. Os dados já foram analisados pelo ministro Sidônio Palmeira. Quando o marqueteiro assumiu o órgão, os números estavam em queda livre. Agora, a avaliação é de que freou o aumento da desaprovação.
Os sinais externos ao governo, entretanto, são ambíguos. Pesquisa Ipsos–Ipec divulgada na quinta- feira (13) indicou que a avaliação negativa está em 41% (eram 34% em dezembro). Confirmou o que o PoderData havia mostrado em janeiro. A empresa do Poder360 realizará um novo levantamento em 15, 16 e 17 de março.
Lula minimiza a importância das pesquisas de opinião em suas declarações públicas. Enquanto isso, o Planalto subutiliza um contrato que a Secom tem com a Nexus, empresa do grupo FSB, para realizar levantamentos para o Executivo.
O contrato é de R$ 11,9 milhões anuais, mas o pagamento depende das demandas do Planalto. Ou seja, é necessário haver demanda.
Em 2023 e 2024, o Executivo ou longe de usar o limite contratado:
- 2023 – executou 58% do contrato (R$ 6,9 milhões);
- 2024 – executou 67% do contrato (R$ 8 milhões), sendo que R$ 2 milhões foram pagos só neste ano.
De acordo com o documento, a empresa pode fazer pesquisas presenciais ou por telefone. Devem ser realizadas em território nacional. Deve executar planejamento, elaboração de questionários, coleta e análise de dados e apresentação dos resultados e análises de informações estratégicas ao governo.
Eis a íntegra do contrato.
Além das pesquisas, Sidônio já implementou mudanças na comunicação de Lula, fazendo o presidente dar mais entrevistas a rádios e ser mais informal no Instagram, por exemplo.
Em Brasília, o chefe da Secom foi ao aniversário do ex-ministro José Dirceu na quarta-feira (12) acompanhado de Rafael Marroquim. Ele é chefe de gabinete da comunicação da Prefeitura do Recife (PE), do prefeito João Campos (PSB). Apesar de não ter aceitado um cargo no Planalto, o jornalista topou ajudar informalmente nas redes do governo e ceder parte de sua equipe.
Na contramão do esforço de Sidônio para estancar a queda na popularidade do governo, o presidente coleciona frases controversas criticadas pela oposição e até internamente.
Na última terça-feira (11), a ideia era ar uma mensagem de segurança ao mercado. O petista afirmou que colocou uma “mulher bonita” na articulação política, em referência à troca de Alexandre Padilha (agora no Ministério da Saúde) por Gleisi Hoffmann nas Relações Institucionais, e chamou o líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), de “cabeçudão do Ceará”.
Nos dois primeiros meses do governo, Lula acumulou ao menos 23 frases controversas. O período compreende já a nova estratégia de comunicação.
Por exemplo, em entrevista às rádios baianas Metrópole e Sociedade da Bahia, Lula disse que uma das maneiras de “controlar os preços” dos alimentos é a população não comprar o que está caro. “Se você vai ao supermercado em Salvador e você desconfia que tal produto está caro, você não compra”, declarou.
A oposição se municiou da declaração e aproveitou para fazer críticas. Congressistas como Gustavo Gayer (PL-GO), Sergio Moro (União Brasil-PR) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usaram a frase contra o presidente.
Mesmo com as gafes, a 1ª campanha 100% idealizada por Sidônio vai custar R$ 50 milhões e usará o slogan “O Brasil é dos brasileiros” – o mesmo dos que estampa bonés idealizados pelo governo para rebater o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), e a oposição no Brasil. Começará a ser veiculada até o fim deste mês.
Pesquisa IPSOS-IPEC
Foram entrevistados 2.000 eleitores em 131 cidades do Brasil de 7 a 11 de março de 2025. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Eis a íntegra do levantamento.