Sem recursos, com quebras frequentes e sem perspectiva de melhoria. Essa é a situação do Metrô do Recife

Depois de quatro dias com a operação da Linha Centro suspensa devido a uma pane na rede aérea, o sistema iniciou a semana com novas paralisações

Por Roberta Soares/JC

A situação do Metrô do Recife segue cada vez pior. Depois de quatro dias com a operação da Linha Centro suspensa devido a uma pane na rede aérea, o sistema iniciou a semana com novas paralisações, deixando ainda mais evidente o abandono financeiro vivenciado há quase uma década, que se agravou nos últimos cinco anos e que não foi resolvido apesar de estar sob a gestão de um governo do PT.

Nesta segunda-feira (16), o Ramal Camaragibe voltou a operar logo no início da manhã, às 6h, mas o Ramal Jaboatão – que compõe a Linha Centro junto com o Ramal Camaragibe – apresentou novos problemas, deixando os ageiros na mão mais uma vez. E, novamente, o problema foi na rede aérea.

Dessa vez, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), foi detectado um problema, ainda na madrugada, no posicionamento de um trem do Ramal Jaboatão, que atingiu um cabo elétrico. Por isso, quatro estações desse ramal permaneceram fechadas durante todo o dia: Jaboatão, Engenho Velho, Floriano e Cavaleiro.

Sem metrô, os ageiros do sistema tiveram que correr para os ônibus, enfrentando longas viagens em meio ao trânsito e sem prioridade nas ruas e avenidas. Principalmente os que saem do extremos dos ramais, como as Estações Jaboatão e Camaragibe.

As reclamações foram muitas, até porque, além de não ter a agilidade e a capacidade de transporte do metrô, os ônibus precisam ser deslocados para os Terminais Integrados, o que leva tempo quando acionado em cima da hora.

“É muito descaso. Ninguém aguenta mais esse metrô quebrando direto. A ida já é cansativa e ficamos pensando em como será a volta”, criticou a ageira Maria Letícia Silva, que sai todos os dias de Jaboatão dos Guararapes para o Centro do Recife.

Outro ageiro, Carlos José Sena, criticou a relação entre o valor pago pela agem e o serviço entregue. “O Metrô do Recife tem hoje uma tarifa mais cara do que a do ônibus e um serviço que só piora. Não vemos os governos dizerem nada e é o trabalhador quem sofre”, disse.

Faz dois meses que o sistema não tinha problemas na rede aérea. E, por enquanto, ainda não há previsão de retomada do Ramal Jaboatão.

Os recentes problemas do Metrô do Recife são reflexo da ausência de investimentos que o sistema sofre há quase uma década. A rede aérea, por exemplo, está sem manutenção e completamente remendada. As falhas e quebras não são ainda maiores porque o sistema conta com um corpo técnico experiente e dedicado.

“O governo federal tem conhecimento das panes do sistema, até porque temos uma comissão de segurança que investiga todas as ocorrências e rea para a istração Central da CBTU. Infelizmente, a rede aérea está sem a manutenção correta faz tempo. Faltam peças e equipamentos”, explicou a superintendente da CBTU no Recife, Marcela Campos, que responde pelo Metrô do Recife.

Marcela fez questão de destacar o empenho dos metroviários em manter o sistema operando, mesmo sem recursos para investimentos e até para custeio. “Estávamos há uns quatro meses sem problemas na rede aérea, até as duas panes sequenciadas. Nossas equipes estão exaustas, trabalhando direto desde quinta-feira. Fazendo milagre diante da falta de peças e equipamentos para a manutenção. São remendos em cima de remendos. É até desumano”, desabafou.

O Metrô do Recife voltou a receber alguns recursos para investimentos na infraestrutura do sistema. Ainda é muito pouco, mas é algo. Segundo Marcela Campos, a CBTU conseguiu destinar R$ 69 milhões para ajudar na reestruturação da área de manutenção do metrô, especialmente na aquisição de peças e máquinas que permitam a realização dos trabalhos.