Sob pressão do Centrão, Padilha diz que ministros terão que informar semanalmente quais deputados receberam

Alexandre Padilha, Ministro das Relações Institucionais

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o Palácio do Planalto fará uma força-tarefa permanente junto aos ministérios para acelerar a nomeações de cargos “o mais rápido possível” e os ministros terão de prestar conta semanalmente dos parlamentares recebidos em cada ministério, amas decisões foram tomadas na reunião ministerial desta quinta-feira.

Uma relação de 403 currículos de indicações apresentadas por parlamentares e segmentos sociais que está com análise travada nos ministérios foi mostrada no encontro com os ministros para mostrar o tamanho do problema enfrentado para a montagem do governo. De acordo com Padilha, algumas dessas análises estão travadas há 30 e 60 dias. Dias antes da reunião, Lula pediu a auxiliares que levassem esse levantamento ao encontro para reforçar a cobrança aos ministros.

A força-tarefa de nomeações será coordenada pela Secretaria de Relações Institucionais, comandada por Padilha. Integrantes do ministério esperam conseguir reduzir o máximo possível dessa lista ainda no mês do junho, com a expectativa de atender parlamentares e tirar a SRI da linha de tiro de reclamações do Congresso.

Conforme o ministro, outra decisão tomada na reunião de ontem é que os ministros terão que prestar conta semanalmente a SRI da relação de parlamentares que forem recebidos nos ministérios, seja por ministros, secretários ou assessores parlamentares.

— Semanalmente a SRI vai entregar esse mapa dos parlamentares atendidos aos líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso para que possam rear aos líderes partidários e possam ter um mapeamento permanente, disse Padilha nesta sexta-feira.

Lula usou a reunião ministerial para cobrar ministros a acelerarem nomeações de indicações políticas na tentativa de melhorar a relação de seu governo com o Congresso e empoderar Padilha, responsável pela articulação política do governo, frente aos demais auxiliares. O movimento acontece dentro de um cenário de pressão do governo Lula por deputados e senadores, que reclamam da letargia do Planalto para nomear cargos nos estados e liberar emenda.

Em reação aos problemas de articulação do governo, há duas semanas, a Câmara ameaçou não aprovar a medida provisória que alterou a estrutura dos ministérios, o que faria com que o governo voltasse à configuração dos tempos de Jair Bolsonaro com a extinção de pastas.

Levantamento feito nas agendas divulgadas pelos 37 titulares da Esplanada indica Padilha foi quem mais teve encontros com deputados. Foram 215 agendas. Em seguida, aparecem ministros de partidos do Centrão, entre eles os do União Brasil (Juscelino Filho, Waldez Góes e Daniela Carneiro). A ministra da Saúde, Nísia Trindade, teve 50 agendas no período, acima da média da Esplanada de Lula. Por outro lado, Rui Costa (Casa Civil) e Marina Silva (Meio Ambiente), ambos criticados pela dificuldade de diálogo com parlamentares, não figuram entre os que mais se reuniram com congressistas.