Por Naldinho Rodrigues*
Nessa época junina, a nossa tradição nordestina, não lembrar de um determinado ídolo, é cometer uma grande injustiça. Se estivesse conosco fazendo a folia do São Pedro, São João e Santo Antonio, estaria completando 82 anos de muito sucesso; Lindolfo Mendes Barbosa (Lindú), que nasceu no dia 11 de outubro de 1941, em Entre Rios (BA), e faleceu no dia 25 de outubro de 1982.
Nossos pais aguardavam com grande expectativa a chegada do período junino só para curtir as novas músicas de Lindú da Sanfona, Cobrinha e Coroné, que juntos formavam o famoso Trio Nordestino. Havia uma disputa muita acirrada naquela época para quem venderia mais discos. Luiz Gonzaga ou Trio Nordestino, mas nunca se chegou a uma conclusão final pela turma de pesquisa que sempre optava em dizer; deixa isso para lá…
Lindú da Sanfona foi cantor, compositor e instrumentista brasileiro, vocalista e sanfoneiro do trio de forró pé de serra. O Trio Nordestino é, sem sombra de dúvidas, o trio de forró mais longevo e importante da música. Podemos afirmar isso tranquilamente se observarmos a vasta discografia produzida pelo trio durante esses últimos 60 anos e as diferentes formações que se sucederam, década após década, geração após geração, sem perder raízes e sua essência.
A história do trio começou em 1950, a década do baião, na qual Luiz Gonzaga era referência absoluta do forró, dentro do cenário da música brasileira. Durante mais de 60 anos, o trio contou com várias formações, mas a principal delas foi: Lindú, Cobrinha e Coroné. A história começou no final da década de 1950, quando o trio realizou a sua primeira apresentação em um programa de auditório, na Rádio Excelsior de Salvador. Rapidamente, ou a tocar em Salvador e região, eles tocavam regularmente em uma casa de shows, chamada “Rumba Dance”, abrindo a noite para os artistas que vinha de fora, como por exemplo: Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Ângela Maria E Bienvenido Granda. Com o sucesso, o trio seguiu direto para o Rio de Janeiro, convidado pelo então artista baiano, cantor e locutor, Gordurinha.
Com o tempo, o trio cresceu e finalmente, já no Rio de Janeiro, conheceu o rei Luiz “Lua” Gonzaga, que num primeiro momento, ainda desconfiado, manteve uma certa distância, mas após algum tempo, reconhecendo o talento do trio, permitiu que se aproximassem e aí começou a grande amizade. No decorrer da carreira, cada um dos integrantes tinha sua função extra palco; Coroné era responsável pelo figurino, relações públicas e correio. Cobrinha era responsável pela venda de shows e Lindú era responsável pela produção musical.
Somando todas as formações, de 1962 até 2018, foram 42 álbuns de carreira, sendo 30 LPs e 12 CDs, sem contar os compactos, relançamentos e a inúmeras coletâneas. Em 1981, Lindú a mal durante a gravação do programa “Os Trapalhões”. É medicado, volta pra casa e continua a ar mal. Foi conduzido para o pronto socorro e aí vem o diagnóstico de insuficiência renal crônica, fato que o impediria de viajar, a partir de então, por conta de sessões de hemodiálise três vezes por semana.
Lindú faleceu em 1982, deixando um álbum inacabado, o que forçou o produtor da gravadora Copacabana, junto a Cobrinha e Coroné a decidirem como fariam para finalizar e lançar o disco. Uma das possibilidades aventadas pelo produtor foi a de que deveria colocar outra voz no disco, porém, Coroné e Cobrinha, com medo de alterar o formato do trio, com um sanfoneiro cantor, optaram por colocar a voz de Genaro, que se firmaria nos 10 anos seguintes à frente do trio.
Essa, a comovente história de um dos mais completos forrozeiros da música nordestina, Lindolfo Mendes Barbosa “Lindú”. Que estará vivo eternamente em nossas memórias, história e em nossos corações. O Trio Nordestino sempre levará seu nome e suas músicas pelos quatro cantos do mundo. Obrigado Lindú.
E para recordar o grande Lindú, vamos relembrar o seu último grande sucesso: NA EMENDA…
*Naldinho Rodrigues é locutor de rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos, das 5 às 8 da manhã.