A Câmara de Vereadores do Recife lidera em valores de auxílio-alimentação no país, oferecendo R$ 3.095 mensais aos vereadores e R$ 2.017 para os servidores. O levantamento foi realizado pelo jornal Folha de São Paulo.
O assunto repercutiu nacionalmente após a Câmara Municipal de Belo Horizonte decidir, sem debates prévios, implementar um aumento de 90% no auxílio-alimentação, ampliando o benefício também para os vereadores, que não contavam com esse adicional até então.
Com a aprovação, o valor do auxílio ará dos atuais R$ 1.250 para R$ 2.374 por mês, na capital mineira. O aumento mineiro ocorreu na semana ada e, por tabela, colocou Recife nos holofotes nacionais.
No Nordeste, em Salvador e Aracaju, os vereadores não recebem o benefício. Para os servidores das duas câmaras, o valor fica pouco acima de R$ 1.800 por mês. Em Natal, os vereadores também não recebem e os servidores ficam com apenas R$ 200 por mês de auxílio-alimentação.
Em 2017, os vereadores do Recife chegaram a aprovar uma resolução, sem publicar antes a pauta, aumentando o valor do auxílio-alimentação dos vereadores de R$ 3.095 para R$ 4.595 por mês.
A Câmara do Recife só recuou do aumento, em 2017, após o procurador Cristiano Pimentel, do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE), enviar um ofício cobrando explicações.
A sociedade civil chegou a fazer um protesto na Câmara, na época, levando marmitas. Após o recuo, o valor se manteve em R$ 3.095 por mês no Recife, sem novas alterações.
No interior de Pernambuco, a questão se repete.
Em 2023, o MPC-PE ingressou com uma representação para barrar o aumento do auxílio-alimentação de Araripina, no Sertão do Estado. Os parlamentares iriam ganhar R$ 2.000 por mês com a verba. Após cautelar requerida pelo MPC-PE, o valor foi reduzido para R$ 1.012 mensais.
“O valor do auxílio-alimentação é manifestamente desproporcional e irrazoável. Vemos que a remuneração mensal normal (subsídio) dos vereadores de Araripina corresponde a R$ 10.128,90 por mês. Desta forma, o auxílio-alimentação concedido corresponde a 20% da remuneração mensal dos vereadores, uma evidente desproporcionalidade”, argumentou o procurador Cristiano Pimentel, na época.